terça-feira, 3 de julho de 2012

encurralado

não dispa o meu amor
você pode encontrar um manequim;
não dispa um manequim
você pode encontrar
o meu amor.

ela há muito tempo
me esqueceu.

ela experimenta um novo
chapéu
e parece mais
coquete
do que nunca.

ela é uma
criança
e um manequim
e
é a morte.

não tenho como odiar
isso.

ela não faz
nada fora do
comum.

queria apenas que ela
fizesse.

Charles Bukowski 
[Andernach, Alemanha, 1920 -  Califórnia, EUA 1994]

Começou a escrever poesias aos 15 anos, mas teve seu primeiro livro de poemas publicado somente 20 anos depois. A descrição de sua vida pessoal é marca registrada de toda a sua obra, assim como a completa falta de discrição, ao citar inclusive os nomes verdadeiros dos personagens nada fictícios que o cercavam.

Levou uma vida errante, bebendo em excesso e escrevendo alucinadamente: publicou mais de 45 livros. Teve alguns de seus textos adaptados para o cinema e recusou diversos convites para escrever roteiros. Com o tempo, adeptos do seu estilo violento e despudorado na literatura começaram a aparecer, mas poucos foram e são aqueles que, como ele, encontram na sarjeta um lar, um refúgio e uma inesgotável fonte de inspiração. Na sarjeta e nas mulheres: o "velho safado" viveu amando, sofrendo e escrevendo sobre elas. Sua obra "Mulheres" começa com a frase:
"Muito cara legal foi parar debaixo da ponte por causa de uma mulher." 
Morreu aos 73 anos vítima de uma pneumonia decorrente do tratamento para a leucemia. Deixou uma filha, algumas ex-mulheres e milhares de leitores desolados. Foi um dos maiores e mais polêmicos poetas de todos os tempos. Em seu túmulo está escrito "Don't Try" - em português: "Não Tente". E, embora muitos ignorem a sugestão, raros são os que de fato conseguem.


[Postado por Ju Blasina]

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