sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Depois de tua mentira

Depois de tua mentira
Não há diferença
Entre  paredes e rios
Pássaros e leões
Gabinetes e favelas
Entre a margem e o infinito.

Depois de tua mentira
Flores e armas matam
Sol e tempestade se abraçam
Poesia e estatutos
Moram na mesma estante
Cadáveres e asas
no mesmo concreto.

Depois de  tua mentira
índios, muçulmanos, armas e brancos
moram na mesma tenda
nada mais se separa.
(até os estúpidos
compreenderam a liberdade roubada
daqueles que nos descobriram aqui)

Depois de tua mentira
não há sentido nas coisas
não há sentido
no sentido
de sentir
não há separação de homens
espécies, ritimos
raivas, amores e linguagens

nem de lixo e lustres em tetos de mármore
nem de crianças atrás da bola
e de políticos atrás de cofres

Depois dessa tua triste e insana
mentira
Veio até mim
o vão
O vão das coisas
O vão sozinho
E a descrença de tudo
No que fala
No que é mudo
No que é oposto
Que é desgosto
E no que é posto.

Depois da vinda da tua mentira
Nada mais me virá.

[postado por Ediane Oliveira]

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